segunda-feira, 25 de agosto de 2008

As Borboletas


O mundo agora tem cores. Cores vivas. As cores de uma coisa outrora banal têm outro reflexo, outro brilho. As coisas mais simples têm um sabor diferente e especial. Um toque, uma palavra fazem a diferença em tudo e fazem com que a pele se arrepie e o coração acelere… e saiba tão bem. Saber lidar com elas custa… “primeiro estranha-se e depois entranha-se”. E assim, o bater frenético das suas asas no nosso estômago mexe com tudo, com todas as partes do corpo, com todos os sentidos. As pernas ficam mais fracas, as mãos tremem, a face cora. O cheiro desperta sensações e memórias, a audição sente o bater rápido do coração, o paladar sente o gosto do outro, o tacto a sua pele e tudo isso desperta em nós um arrepio, um sorriso, uma vontade de dizer tudo o que sentimos ali, de gritar ao mundo como é bom. O quotidiano é vivido com ansiedade. Ansiedade de não conseguir aproveitar todos os minutos, todas as horas, ansiedade de dizer ou fazer algo que possa interromper abruptamente aquele esvoaçar.

E muitas vezes dói e custa e é irracional. E lutamos contra elas e pensamos que podemos viver sem elas, mas na verdade não passa de uma ilusão. É senti-las que dá sabor aos nossos dias, é o que nos faz acordar de manhã, é o que nos faz suportar tudo de mau o que possa acontecer no mundo. É aquele abraço, aquele beijo ao fim do dia que nos faz sentir seguros mesmo que o mundo à nossa volta se desmorone. E por mais irracional que seja, por mais loucuras que tenhamos de cometer, não conseguimos viver sem elas. Passamos por tudo, porque são elas que nos alimentam a alma.

E no entanto pode ser corrosivo. Podemos acabar um dia a sentir que por sua causa já nada nos resta no espírito. Podem-nos deixar a pensar que não vale a pena se não as sentimos. Podem tirar a esperança, essa que é a última a morrer.

No entanto, há-de surgir o sol por entre as nuvens, e os seus raios a despontar hão-de começar a iluminar uma existência já sem vontade de continuar. É alimento e é a fome. É ambíguo. Mas que seria de nós sem elas?


imagem retirada do site olharesnocorpo.blogspot